O moço da van 5e4r6o

7 de abril de 2025 11:56 842

Na escola em que eu estudava, havia um senhorzinho que, religiosamente, todos os dias, aparecia com sua van para buscar as crianças. Um modelo de pontualidade – e de van também, porque o carro parecia ter sido fabricado nos tempos em que a Kombi era o ápice da modernidade. O senhor já ava dos sessenta, tinha aquele jeito simpático de quem oferece bala depois da escola e um “boa tarde” que era quase patrimônio cultural da instituição.As crianças adoravam. Os pais confiavam. As professoras respiravam aliviadas quando viam o para-choque da van entrando no portão. Tudo ia bem. Até que, um dia, o moço da van… sumiu.Nada de buzina. Nada de van. Nada de moço.E aí, o caos. Ligações desesperadas: “Mãe, vem buscar o Joãozinho, o cara da van não apareceu!”. Pais indignados no portão da escola, celulares fumegando no grupo do WhatsApp: “É um absurdo! E se tivesse acontecido algo com nossos filhos? ”.De fato, tinha acontecido algo. Mas não com os filhos.Como não havia muitas vans disponíveis na região, algumas crianças ficaram sem fermentar—perdão, frequentar—aulas. Mas a ausência do senhorzinho virou mistério de cidade pequena. Virou caso.Fuxicaram os grupos de motoristas, procuraram o nome nos hospitais. Nada. Uma mãe ligou até nos cemitérios – aquela mais prática, que pula logo para a pior hipótese. Também não acharam nada.Eis que, alguns dias depois, surge a notícia: o moço da van teve que viajar às pressas. Doença na família, numa cidade distante. A justificativa parecia convincente. Dramática, até.Mas como toda boa crônica precisa de uma reviravolta, uma mãe – aquela que não se contenta com respostas simples – decidiu investigar mais. Foi perguntar aqui, fuçar ali, e então… bingo!O moço da van não estava cuidando de parente doente. Estava, na verdade, preso. Sim, preso. A Maria da Penha prendeu ele. Parece que o bom velhinho da van não era tão bondoso assim dentro de casa.E o que aprendemos com essa história?Que agressor não tem cara. Pode ser o vizinho cordial, o motorista atencioso, o avô que todos iram. A violência contra a mulher muitas vezes se esconde por trás de sorrisos gentis e gestos rotineiros. E que, no fundo, o que mais assusta é isso: o quanto ainda acreditamos que dá para reconhecer um agressor só pelo jeito que ele trata os outros.Quando o que realmente importa… é como ele trata quem está ao lado dele quando ninguém mais está olhando.Se você é vítima ou conhece alguma mulher em situação de violência doméstica, é fundamental acolher sem julgamento e direcionar aos canais para registro: 4a482q

  1. Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180:
    Serviço gratuito e confidencial que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, orientando sobre direitos, leis e serviços disponíveis, além de registrar e encaminhar denúncias aos órgãos competentes. ​
  2. Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM):
    Unidades da Polícia Civil dedicadas ao atendimento de mulheres vítimas de violência, realizando ações de prevenção, investigação e encaminhamento de medidas protetivas. ​
  3. Delegacia Virtual:
    Em Minas Gerais, é possível registrar ocorrências de violência doméstica pela Delegacia Virtual, oferecendo um canal seguro e ível para denúncias. ​ Disponível: https://mulhersegura.org/preciso-de-ajuda/delegacia-virtual-de-minas-gerais.
  4. Centros de Referência de Atendimento à Mulher:
    Espaços que oferecem acolhimento, acompanhamento psicológico e social, além de orientação jurídica às mulheres em situação de violência. ​
  5. Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica:
    Uma iniciativa onde a mulher pode desenhar um “X” na palma da mão e exibi-lo em estabelecimentos comerciais ou farmácias, sinalizando que está em situação de perigo e necessita de ajuda. ​
    Também é possível utilizar aplicativos para registro de ocorrências:

1- Aplicativo “Direitos Humanos Brasil”
*Disponível para Android e iOS.
*Permite denúncias de violência de forma anônima.
*Oferece atendimento por chat, com ibilidade em Libras.
*Inclui geolocalização para facilitar o socorro.

2- Aplicativo “PenhaS”
*Criado pelo Instituto AzMina.
*Oferece informações sobre tipos de violência, direitos e canais de denúncia.
*Espaço seguro para anotações e construção de uma rede de apoio.
NÃO SE CALE!

*Jucilaine Neves Sousa Wivaldo – Instagram @jucilainewivaldo
Poeta, escritora, esposa, mãe, assistente social, e muitas outras facetas que, como mulher, me permito ser!

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